Bolsonaro é alvo de busca pela PF, terá de usar tornozeleira eletrônica e não poderá acessar redes sociais

Ex-presidente Jair Bolsonaro durante evento em Doral, na Flórida 3/2/2023 REUTERS/Marco Bello

Por Luciana Magalhaes

BRASÍLIA (Reuters) -A Polícia Federal cumpriu nesta sexta-feira mandados de busca na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro e na sede de seu partido, o Partido Liberal (PL), em Brasília, confirmou a assessoria do ex-mandatário à Reuters, com ele agora tendo que usar tornozeleira eletrônica, além de cumprir outras medidas.

Em nota sem citar Bolsonaro, a Polícia Federal disse que cumpriu dois mandados de busca e apreensão e "medidas cautelares diversas da prisão" determinados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito de um processo que aparece como sigiloso no site da corte. A PF não detalhou quais medidas cautelares foram cumpridas.

Em publicação em uma rede social, o líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ), disse que Bolsonaro terá de usar uma tornozeleira eletrônica, não poderá usar as redes sociais, conversar com aliados e com embaixadores e nem sair de casa à noite.

Uma fonte com conhecimento do assunto também disse à Reuters que Bolsonaro está proibido de falar com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), seu filho, que está licenciado do mandato nos Estados Unidos.

Também não poderá, segundo essa fonte, conversar com embaixadores estrangeiros e terá de permanecer em casa em horários determinados, acrescentando que agentes da PF encontraram dólares em espécie na casa do ex-presidente.

O cumprimento dos mandados pela PF vem um dia depois de o presidente dos EUA, Donald Trump, enviar uma carta a Bolsonaro em que classifica como "injusto" o tratamento que o ex-presidente vem recebendo do Judiciário brasileiro.

Bolsonaro é réu em processo no STF acusado de participar de uma suposta trama para um golpe de Estado após sua derrota na eleição presidencial de 2022.

Trump anunciou recentemente, em carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que os EUA imporão tarifa de 50% às exportações brasileiras para os EUA.

O líder norte-americano citou um déficit comercial inexistente dos EUA com o Brasil -- na verdade os norte-americanos têm superávit na relação comercial --, assim como decisões judiciais que avalia como injustas contra big techs norte-americanas e o que chamou de "caça às bruxas" contra Bolsonaro.

Eduardo Bolsonaro licenciou-se do mandato e tem feito campanha nos EUA pela imposição de sanções a autoridades brasileiras por conta dos processos judiciais contra seu pai. Ele comemorou o anúncio de tarifas ao Brasil por Trump e agradeceu ao presidente dos EUA pela medida.

(Reportagem adicional de Ricardo BritoTexto de Eduardo SimõesEdição de Fernando Cardoso)