O Plano Real, lançado em julho de 1994, completa 30 anos como um marco fundamental na história econômica do Brasil. Seu maior sucesso foi eliminar a hiperinflação, que corroía salários e economias em questão de dias ou semanas, chegando a índices anuais superiores a 2.500% antes de sua implantação. Com o Real, a inflação foi rapidamente reduzida a níveis civilizados, trazendo estabilidade e previsibilidade à economia nacional.
Entretanto, a luta contra a inflação é permanente. Se antes a inflação destruía a renda em dias, hoje ela o faz em meses ou anos, mas ainda assim afeta o poder de compra dos brasileiros. Nos 30 anos do Plano Real, a inflação acumulada atingiu cerca de 708%, enquanto nos EUA o índice foi de 107% no mesmo período. Isso significa que uma nota de R$ 100 de 1994 equivale a pouco mais de R$ 12 atualmente; para comprar o mesmo que se comprava com R$ 100 em 1994, hoje seriam necessários mais de R$ 800.
O controle da inflação está diretamente ligado à responsabilidade fiscal. Quando governos gastam mais do que arrecadam, a conta sempre chega à população.
O mais comum no Brasil é uma combinação do aumento da dívida e do uso da inflação para aliviar o peso do endividamento. O problema é agravado pelo fato de que há um descompasso temporal: o impacto negativo do aumento dos gastos públicos demora a ser sentido, o que dificulta para a população perceber a relação direta entre gastos excessivos e perda de poder de compra.
Desde o início do Plano Real, os gastos públicos cresceram quatro vezes mais do que a economia brasileira, levando a dívida pública a ultrapassar 76% do PIB, com projeções de que chegue a 80% ou mais nos próximos anos. Esse crescimento da dívida e dos gastos públicos pressiona a inflação e obriga o governo a manter juros elevados, o que, por sua vez, alimenta um ciclo vicioso de endividamento e baixo crescimento econômico.
O plano real foi essencial. Mas sem disciplina fiscal, não há estabilidade que dure.
Nenhum comentário:
Postar um comentário