Por César Felício
Do Valor Econômico
A posse nesta quarta-feira dos 5.568 prefeitos eleitos no ano passado dá início, na prática, ao processo eleitoral de 2026 nos Estados. A demonstração de força da continuidade em outubro, quando 82% dos prefeitos que tentaram um segundo mandato conseguiram a recondução, colocaram os administradores das grandes e médias cidades no mapa das disputas majoritárias estaduais.
É o caso de pelo menos dois prefeitos reeleitos, Eduardo Paes (PSD) no Rio de Janeiro e João Campos (PSB) no Recife, cotados para disputar os governos do Rio e de Pernambuco.
Paes e Campos se reelegeram sem dificuldades e colocaram
aliados incondicionais na vice. Negociarão em posição de força a vaga de
candidato a governador em uma eventual aliança lulista em 2026, sobretudo no
momento em que a prioridade do PT e do governo federal é assegurar candidatos
competitivos ao Senado, que renova dois terços de sua composição. A Paes e
Campos pode se somar Antonio Furlan (MDB), de Macapá, conhecido como Doutor
Furlan e reeleito com 86% dos votos.
No Maranhão, o prefeito reeleito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), é forte opção para o governo estadual contra o vice-governador Felipe Camarão (PT). O atual governador, Carlos Brandão (PSB), não pode mais se reeleger. Mesmo prefeitos de grandes centros do interior entram no tabuleiro. No Pará, doutor Daniel (PSB), de Ananindeua, é citado como a a opção da oposição ao grupo político do governador Helder Barbalho (MDB), cujo partido elegeu 85 dos 144 prefeitos do Estado.
No caso de São Paulo, o destino do prefeito Ricardo Nunes (MDB) está atado ao do governador do Estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos) a quem em última instância deve a eleição. Ao montar seu novo secretariado Nunes sinalizou que pode se credenciar a uma disputa majoritária em 2026, na hipótese de Tarcísio disputar a presidência das República, possibilidade hoje tida como pouco provável no mundo político. O governador de São Paulo tem dito que pretende disputar a reeleição em 2026.
O prefeito reeleito de São Paulo compôs a equipe com ex-prefeitos de grandes cidades da região metropolitana, como Orlando Morando (São Bernardo do Campo), Rogério Lins (Osasco) e Rodrigo Asiuchi (Suzano), o que mostra a construção de uma teia política nos municípios vizinhos. Caso se desincompatibilize no próximo ano, Nunes entrega a prefeitura de São Paulo para o coronel Ricardo Mello de Araújo (PL), que entrou na chapa por imposição do ex-presidente Jair Bolsonaro. Passa a interessar ao PL, portanto, uma candidatura majoritária de Nunes, em um cenário de disputa paulista sem Tarcísio.
Em Curitiba e Goiânia, a presença no comando das capitais de Eduardo Pimentel (PSD) e Sandro Mabel (União Brasil) fortaleceu os governadores Ratinho Júnior (PSD) e Ronaldo Caiado (União Brasil), que são desafiados no Paraná e em Goiás por bolsonaristas.
Caiado quer concorrer à Presidência e deve apoiar o vice-governador Daniel Vilela (MDB) para a sua sucessão. A opção bolsonarista é o senador Wilder Moraes (PL), que mediu forças com Caiado nos principais municípios do Estado. O PL perdeu também em Aparecida de Goiânia, segundo maior colégio eleitoral, onde foi eleito Leandro Vilela, do MDB.
Ratinho Júnior patrocinou em Curitiba uma aliança do PL com o PSD , mas a divisão da direita no Paraná é profunda. Pimentel ganhou com dificuldade da outsider Cristina Graeml (PMB) e Ratinho não tem assegurado o controle da própria sucessão em 2026.
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