Que o cenário econômico brasileiro de 2025/26 apresenta
desafios significativos para empreendedores e pequenas empresas já alertamos,
porem a situação está se deteriorando rápido. Indicadores como o Índice de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), taxa de juros (Selic), Produto Interno Bruto
(PIB), câmbio e taxa de desemprego desempenham papéis cruciais na definição do
ambiente de negócios.
As projeções para a inflação em 2025 apesar de estarem em queda, o que mostra uma desaceleração da Economia, ainda está muito alta de acordo com o último Boletim Focus, 5,65%aa indicando grandes dificuldades em atingir a meta de 3% estabelecida pelo Banco Central. Para 2026, estima-se uma inflação de 4,5%, no limite da margem superior da meta, sugerindo persistência das pressões inflacionárias no médio prazo, em decorrência de um mercado de trabalho ainda muito resiliente. A inflação mensal também mostra sinais de desaceleração, o IPCA-15 – prévia da inflação oficial – registrou alta de 0,64% agora em março, a maior desde 2023, mas bem inferior à de fevereiro, quando atingiu 1,23%.
Para conter esta inflação persistente, o Banco Central elevou a Selic para 14,25% ao ano agora em março de 2025. Alguns economistas projetam que a taxa possa ultrapassar 15% ao longo do ano, encarecendo o crédito e impactando investimentos e consumo.
Diante disso o Banco Central revisou a projeção de crescimento do PIB para 2025 de 2,1% para 1,9%, refletindo esta desaceleração econômica. Resultado de uma política monetária mais restritiva e um aparente menor impulso fiscal. Sobre o fiscal, é prematuro se cogitar uma política contracionista as vésperas de uma eleição, o que pode trazer desafios adicionais ao Banco Central.
Já a desvalorização do real frente ao dólar tem impactado os custos de importação, também pressionando a inflação. Essa volatilidade cambial adiciona incertezas ao planejamento financeiro das empresas, especialmente aquelas dependentes de insumos importados ou que façam parte de alguma forma das cadeias globais de suprimento. O acordo de cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia no Mar Negro, costurado pelo Presidente Donald Trump pode trazer um pouco de previsibilidade e redução de custos do transporte marítimo e também dos produtos agrícolas e fertilizantes. Para isso uma das exigências da Rússia é sua volta ao sistema financeiro internacional.
O mercado de trabalho, também começa a sentir os efeitos da desaceleração econômica. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada nesta sexta-feira, 28/03, pelo IBGE, mostra uma taxa de desemprego no Brasil em 6,8% no trimestre terminado em fevereiro. Este resultado representa um salto de 0,7% frente ao trimestre anterior, encerrado em novembro de 2024, quando a taxa de desocupação rodava em torno de 6,1%
Vejamos as inter-relações:
Consumo das Famílias: A inflação elevada e os
juros altos reduzem o poder de compra e encarecem o crédito, levando a uma
desaceleração no consumo.
Formação Bruta de Capital Fixo: O aumento dos custos de financiamento desestimula investimentos em bens de capital, afetando negativamente a expansão produtiva.
Exportações e Importações: A desvalorização cambial pode favorecer exportações ao tornar produtos brasileiros mais competitivos no exterior. Contudo, encarece importações, impactando empresas dependentes de insumos estrangeiros.
Empreendedores e pequenas empresas devem estar atentos às dinâmicas macroeconômicas e geopolíticas, adaptando estratégias para mitigar riscos associados à inflação, juros elevados e volatilidade cambial. A eficiência operacional, gestão financeira prudente, gestão de RH profissional e busca por oportunidades em novos mercados podem ser diferenciais para a sustentabilidade e crescimento nos próximos anos.
Magno Xavier – Economista e Esp. Em Gestão de Empresas
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