terça-feira, 28 de outubro de 2025

Leilão da Aneel prevê R$ 805 milhões em investimentos no Rio Grande do Norte

Alan Silveira: mais segurança| Foto: Adriano Abreu
Alan Silveira: mais segurança| Foto: Adriano Abreu

O Leilão de Transmissão 4/2025 da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), que vai ocorrer nesta sexta-feira (31), tem investimentos de R$ 805 milhões previstos para o Rio Grande do Norte, nas cidades de João Câmara e Assú. O leilão será realizado na sede da B3, em São Paulo, a partir das 10h, com objetivo de viabilizar a construção de subestações e linhas de transmissão, essenciais para a melhoria da infraestrutura energética nas duas regiões.

A fase de inscrição e garantia das propostas foi finalizada no último dia 21 e o prazo para impugnações ao edital se encerrou na segunda-feira (27). Com essa fase concluída, o leilão está pronto para ocorrer na sexta-feira (31), e as empresas participantes irão competir para garantir a concessão dos lotes, com o objetivo de desenvolver os projetos dentro do prazo estabelecido pela ANEEL, que varia entre 42 e 60 meses, dependendo da complexidade das obras.

O secretário de Desenvolvimento Econômico do RN, Alan Silveira, destacou a relevância desse leilão, afirmando que as obras vão resolver problemas de cortes de geração e melhorar a segurança do sistema energético local. “Significa mais segurança para os investidores. Isso pode trazer mais investimentos aos parques eólicos e solares já instalados, em termos de ampliação de capacidade instalada. Logo, trazendo mais empregos na instalação, operação e manutenção”, afirmou Silveira.

Além do valor significativo de investimentos no estado, o leilão de transmissão vai gerar aproximadamente 2,3 mil postos de trabalho diretos e indiretos no RN, com destaque para os setores de construção civil, engenharia, transporte, e serviços locais como comércio, alimentação e hospedagem. A expectativa é que as cidades de João Câmara e Assú se beneficiem diretamente com a movimentação econômica gerada pela construção das novas subestações e linhas de transmissão.

Para Sérgio Azevedo, presidente da Comissão Temática de Energias Renováveis (COERE) da FIERN, a chegada dessa nova infraestrutura trará benefícios diretos, pois, quando o sistema elétrico é confiável e moderno, as empresas têm mais segurança para produzir, planejar e crescer. “Isso favorece quem já está instalado aqui e também quem pensa em vir. Setores como construção, metalurgia e tecnologia serão fortalecidos Além disso, abre caminho para novos investimentos — como data centers e hidrogênio verde — que dependem de energia estável e abundante”, analisa.

Para ele, a longo prazo, essas obras devem trazer uma rede moderna e segura com empregos mais qualificados e duradouros: “Buscar novos corredores de escoamento é indispensável, mas tão importante quanto é criar demanda dentro do RN. Quanto mais carga local — data centers, hidrogênio verde, eletrointensivas — mais valor fica aqui: mais empregos de alta qualificação, mais serviços e menos dependência de transmitir tudo para fora”.

Novas obras devem corrigir desequilíbrio energético

Para Sérgio Azevedo, o leilão representa um passo importante para corrigir um desequilíbrio que existe há anos: o RN gera muita energia limpa, mas a rede que a leva para outras regiões ainda é limitada. “A qualidade da energia produzida aqui é tão boa que, sempre que há disponibilidade, ela é rapidamente consumida. Nosso sentimento é de que o planejamento do sistema sempre chega atrasado”, disse.

Outro ponto importante é a geração distribuída (MMGD), que se refere à produção de energia elétrica em pequena escala, geralmente próxima ao local de consumo, como painéis solares em residências, empresas ou pequenas indústrias. Esse modelo tem crescido rapidamente no RN, mas o crescimento desordenado tem causado desequilíbrios na cadeia elétrica, afetando a forma como a energia é transmitida e distribuída. “Precisamos encontrar uma forma de reequilibrar o ecossistema — inclusive com a revisão de subsídios — para que o sistema volte a funcionar de forma saudável”.

Ele avalia que, com esses novos investimentos e mudanças regulatórias, o estado poderá distribuir melhor sua produção de energia, atrair novos negócios, fortalecer a economia, gerar mais empregos e oferecer maior segurança para investidores.

Tribuna do Norte

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