Com um volume de chuvas 16% abaixo do esperado para o
período de janeiro a junho deste ano, o Rio Grande do Norte vive uma grave
crise hídrica em diversas regiões. Por causa do cenário, o Governo do Estado
decretou, nesta quinta-feira (2), situação de emergência em 147 municípios, o
equivalente a 88% das cidades potiguares. A decisão tem como base a queda
drástica dos níveis de reservatórios estratégicos. Há colapso no abastecimento
de água em 10 cidades, onde vivem cerca de 180 mil pessoas.
Municípios como Ouro Branco, Luís Gomes, Jardim do
Seridó, Parelhas, Carnaúba dos Dantas e São José do Seridó estão entre os mais
afetados. Serra do Mel enfrenta colapso há quatro anos por contaminação de
poços. O Igarn explicou que faz o monitoramento permanente dos volumes dos
reservatórios, mas informou que as ações referentes ao decreto estão a cargo da
Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh). A pasta não respondeu
aos contatos feitos pela reportagem.
Com a crise, 45% dos 167 municípios potiguares dependem
da Operação Carro-Pipa do governo federal para abastecer a zona rural. A
formalização da emergência é necessária para manter o programa ativo e evitar
interrupção no fornecimento de água. O Monitor de Secas da Agência Nacional de
Águas registra 161 municípios do RN em situação de seca, com predominância de
seca grave. O documento também aponta consequências como aumento de incêndios
florestais e prejuízos financeiros para a Caern, que suspendeu a cobrança em
áreas sem abastecimento.
Dentre as medidas em curso, estão investimentos em poços
com energia solar e construção de cisternas. “As ações do estado estão
ocorrendo de forma integrada entre várias secretarias do governo, em um debate
que envolve não apenas a questão hídrica e agropecuária, mas a defesa e
assistência social”, frisou a Sedraf.
Grave, diz Faern
A Faern disse esperar que o decreto viabilize com
agilidade a perfuração de poços, construção de cisternas e instalação de
dessalinizadores, dentre outras medidas de ampliação do acesso à água, especialmente
nas regiões em colapso ou pré-colapso hídrico, como o Seridó e o Alto Oeste. A
Federação defende que é fundamental a distribuição de insumos como palma
forrageira e feno subsidiado, considerados estratégicos, para garantir
alimentação aos rebanhos e sustentação da atividade pecuária nos municípios
mais afetados.
De acordo com o meteorologista Gilmar Bristot, da Emparn,
o quadro crítico no qual o estado se encontra deverá permanecer, pelo menos até
o final do ano. “Para outubro, novembro e dezembro, a previsão é de ocorrência
de algumas pancadas de chuvas. Nos próximos meses, no entanto, os índices
pluviométricos são baixos. As chuvas no interior do estado ocorrem entre os
meses de fevereiro a maio, mas se os índices não forem bons, as dificuldades
com abastecimento de água para consumo humano e animal, e alimentação para os
rebanhos, vão continuar”, sublinhou Gilmar Bristot.
Tribuna do Norte
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