sábado, 1 de novembro de 2025

O valor do trabalho e a ilusão das bolsas

Por Rinaldo Remígio*

Trabalho desde os 14 anos de idade. Comecei vendendo picolé, ajudando feirantes nas ruas e aprendendo, na prática, que o esforço é o único caminho digno para chegar a algum lugar. Fui office boy, menor aprendiz, escriturário, almoxarife e encerrei minha trajetória como professor universitário, tendo a honra de ocupar o cargo mais alto de uma instituição por oito anos. Nada veio fácil, mas tudo foi conquistado com trabalho, perseverança e fé.

Nunca precisei de bolsas ou favores do governo. Não por orgulho, mas por convicção. Sempre acreditei que o ser humano cresce quando enfrenta os desafios e não quando se acomoda à sombra da dependência. É lamentável ver tanta gente capaz, jovem e saudável, preferindo viver à custa de programas assistenciais, esperando o benefício cair na conta enquanto o tempo — e as oportunidades — passam.

O assistencialismo, quando necessário e temporário, é justo e humano. Mas quando vira estilo de vida, transforma-se em prisão invisível. Cria uma geração que se contenta com pouco, que troca a liberdade pela dependência e que esquece o valor da conquista.

Infelizmente, ainda vemos algumas lideranças políticas brincando com palavras, tentando justificar discursos populistas e, depois, dizendo que foram mal interpretadas — como se um pedido de desculpas apagasse o incentivo à acomodação. É importante que os programas sociais existam, sim, pois têm papel essencial em momentos de dificuldade. Mas é preciso lembrar: a dependência é uma doença que enfraquece o caráter e destrói a vontade de crescer.

Trabalhar não é castigo, é privilégio. É por meio do trabalho que se constrói o caráter, se conquista respeito e se alcança independência. O que dignifica o homem não é o valor do auxílio que recebe, mas o fruto do suor que ele produz.

Por isso, reafirmo: continuo acreditando na força do trabalho, no mérito e na responsabilidade individual. Quem se acomoda na dependência perde o brilho da vida ativa e o orgulho de ser dono do próprio destino. O trabalho liberta; a dependência escraviza.

*Administrador de empresas, contador, professor universitário aposentado e mestre em Economia

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