Usando uma tornozeleira por conta de uma prisão anterior,
o ex-vereador de Parnamirim Diogo Rodrigues da Silva recebeu um novo mandado de
prisão, rompeu o equipamento e está foragido da Justiça. Ele é o principal
suspeito de um golpe contra um idoso.
Nessa terça (29), policiais civis da Delegacia Especializada em Falsificações e Defraudações de Natal (DEFD/Natal) deram cumprimento, no centro de Parnamirim, a um mandado de prisão preventiva contra um homem de 64 anos suspeito de participação em crimes de furto mediante fraude praticados contra um idoso, por volta de dezembro de 2023.
Segundo as investigações, o suspeito teria cedido suas contas bancárias para receber valores subtraídos da conta da vítima, um senhor de idade. O autor principal dos crimes é Diogo Rodrigues da Silva, que teria conquistado a confiança do idoso ao prestar auxílio em suas atividades diárias, o que possibilitou o acesso às informações financeiras da vítima.
Com o controle sobre as contas, Diogo teria realizado transferências e saques que ultrapassam R$ 100 mil, causando dificuldades financeiras à vítima, situação que chamou a atenção dos familiares, levando à descoberta do golpe. Diogo Rodrigues da Silva encontra-se atualmente foragido.
Foto: divulgação/Polícia Civil
“Ele foi preso ano passado, foi solto, botou a
tornozeleira, aí agora teve outro processo, e a juíza de Parnamirim decretou de
novo a prisão dele. Quando ele ficou sabendo dessa prisão, ele rompeu a
tornozeleira que estava botada nele por conta do processo anterior e fugiu. Ele
hoje em dia está foragido, tem uma ordem de prisão pendente de cumprimento
contra ele”, explicou o delegado Breno Arruda, titular da DEFD.
O ex-parlamentar acumula duas passagens pela prisão. Em agosto do ano passado, Diogo já havia sido preso por estelionato contra uma idosa. Na época, ele foi preso no bairro Passagem de Areia, em Parnamirim, suspeito de ter realizado o crime de estelionato qualificado pela fraude eletrônica contra uma idosa de 70 anos. Na época, foi conduzido à Delegacia para a realização dos procedimentos legais e, em seguida, encaminhado ao sistema prisional.
Diogo na época da prisão em agosto do ano passado | Foto:
Polícia Civil/divulgação
Anteriormente, Silva também já havia sido preso e
condenado em primeiro grau pelos crimes de peculato-desvio, compras de votos e
corrupção passiva, tendo o mandato cassado na época.
A Polícia Civil ainda pede a colaboração da população. Informações que possam ajudar na localização do foragido podem ser repassadas, de forma anônima e segura, por meio do Disque Denúncia 181.
Fura Fila
Em 2021, o Ministério Público Estadual deflagrou a
Operação Fura Fila para investigar possíveis esquemas ilegais na marcação de
procedimentos médicos na rede pública. A operação gerou mandados de busca e
apreensão em pelo menos nove municípios do estado e na cidade de São Paulo,
além de três ordens de prisão. Na época com mandato, Diogo Rodrigues foi um dos
presos. Segundo o MP, ele era o líder do
suposto esquema fraudulento que burlava a fila de consultas e exames através do
SUS.
De acordo com o apontado à época, como parte da negociata, ele empregava parentes como servidores fantasmas em municípios e recolhia os salários assim que o dinheiro caía na conta. A mãe e uma concunhada foram identificadas pelos promotores de Justiça, que confirmaram ainda que Diogo tinha até a senha do sistema, o que lhe dava total autonomia para incluir quem desejasse e no lugar da fila que escolhesse. Também por recomendação do MP, a Justiça estadual bloqueou R$ 107 mil de Diogo Rodrigues. As propinas eram pagas pelos gestores, em troca de lugares na fila.
Em 2022, o parlamentar teve o mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RN). Já em junho do ano passado, a decisão foi ratificada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O parlamentar foi condenado por prática de captação ilícita de sufrágio (compra de votos), abuso de poder econômico e abuso de poder político, em razão de fraudes no Sistema Único de Saúde (SUS) em troca de votos. Assim, além do diploma cassado, ele foi condenado à inelegibilidade pelos próximos oito anos e ao pagamento de multa.
Quem é
Diogo Rodrigues da Silva, hoje com 30 anos, se candidatou
pela primeira vez em 2016, pelo PDT, sem êxito. Ao longo dos anos, ocupou
cargos de confiança na Prefeitura de Parnamirim. Foi nomeado em janeiro de
2019, na gestão do então prefeito Rosano Taveira, para exercer a função de
direção da Central de Regulação do Município, órgão responsável pelo controle
do acesso de pacientes aos procedimentos médicos vinculados ao SUS na cidade.
Exatamente a área objeto da investigação da Operação Fura Fila.
Quatro anos depois, filiado ao PSD, foi o segundo mais votado e eleito com 2.266 votos. No exercício do mandato, o vereador foi eleito como o segundo vice-presidente da Câmara Legislativa de Parnamirim e designado para a Comissão Permanente de Assistência Social.
Fonte: Saiba Mais RN