Você já percebeu como as decisões financeiras mudam dependendo de quem está pagando a conta?
Milton Friedman, um dos economistas mais influentes do século XX, explicava que existem quatro maneiras de gastar dinheiro:
1. Gastar seu próprio dinheiro consigo mesmo: aqui buscamos a melhor relação custo/benefício possível, analisamos preços com rigor e fazemos escolhas conscientes - afinal, cada real foi conquistado com esforço.
2. Gastar seu próprio dinheiro com outras pessoas: ainda nos preocupamos com o preço (é nosso dinheiro), mas tendemos a priorizar o custo em vez da qualidade ou utilidade para quem vai receber.
3. Gastar dinheiro de outras pessoas consigo mesmo: a preocupação com custos diminui, enquanto a exigência por qualidade aumenta - como ao escolher um restaurante mais caro quando outra pessoa oferece pagar.
4. Gastar dinheiro de outras pessoas com outras pessoas: não há preocupação real nem com custo nem com qualidade - há ausência de incentivos para otimização.
Os gastos estatais se enquadram justamente nas categorias 3 e 4.
No item 3, vemos os políticos e gestores alocando recursos públicos para benefício próprio. São os altos salários, planos de saúde premium, auxílios diversos, carros oficiais, viagens internacionais e benefícios vitalícios - tudo pago com dinheiro de impostos, sem incentivo para economizar.
Já na categoria 4, encontramos a maior parte das políticas públicas. Escolas, hospitais, estradas: quando o Estado implementa esses serviços, faz com recursos que não são dele para beneficiar pessoas distantes do processo decisório.
Esta é uma das razões estruturais da ineficiência estatal.
O problema está no sistema de incentivos, não nas pessoas. Quando não há responsabilidade direta sobre o uso do recurso ou risco real pelas decisões tomadas, a tendência natural é o desperdício.
No fim, sem os incentivos corretos, ninguém cuidará do dinheiro alheio como cuida do próprio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário