A Barragem Armando Ribeiro Gonçalves é um dos
reservatórios que tem mais de 50% da capacidade total| Foto: Júnior
Santos/arquivo tn
Dados divulgados pelo IGARN nesta segunda-feira (1º)
revelam que 69% dos reservatórios potiguares operam com menos da metade de sua
capacidade total. Do total de 68 mananciais monitorados, 47 estão abaixo dos
50% de armazenamento — incluindo 19 em situação alarmante, com menos de 20%, o
que coloca diversas regiões em risco de colapso no abastecimento. Apenas 5
reservatórios mantêm níveis confortáveis, acima de 80%, enquanto outros 10
estão entre 60% e 80%, e 9 entre 40% e 60%. A maior concentração (25)
encontra-se na faixa de 20% a 40%, indicando que a maioria das barragens do
estado luta contra a escassez hídrica.
Com a previsão de chuvas escassas nos próximos meses,
pode haver um agravamento da seca. Segundo a Emparn, os meses de setembro,
outubro e novembro devem registrar temperaturas mais altas e aumento da
evaporação, o que deve reduzir ainda mais a disponibilidade de água. As
situações mais preocupantes são no reservatório de Itans, em Caicó (0,17%),
Passagem das Traíras em São José do Seridó (0,03%) e Jesus Maria José em
Tenente Ananias (1,57%). O Governo do Estado confirmou que o decreto de
emergência por causa da seca já está em fase final de análise na PGE. A
expectativa é que a governadora Fátima Bezerra assine o documento antes que a
situação se agrave ainda mais neste trimestre.
De acordo com o meteorologista da Emparn, Gilmar Bristot, não há perspectiva de
mudança no cenário climático atual. “O período mais seco do ano é setembro,
outubro e novembro. Então, o que aconteceu de chuvas, que normalmente acontece
no primeiro semestre, no interior do estado, já está consumado”, explicou
Bristot.
Além da ausência de chuvas, outro fator que agrava a crise hídrica no interior
do estado é o aumento da evaporação provocado pelas temperaturas elevadas. Sem
a cobertura de nuvens, o calor atinge diretamente os reservatórios. “As temperaturas
no interior do estado se elevam mais, por falta de cobertura de nuvens, por
falta de nuvens, você aumenta a temperatura e, consequentemente, com a
temperatura aumentando, você tem uma maior evaporação dessa água que é
acumulada nos reservatórios. Você tem uma maior perda por evaporação das
reservas hídricas, diminuindo, assim, também a disponibilidade hídrica”,
acrescentou Bristot.
De acordo com a Emparn, 61 municípios potiguares já são classificados como
estando em estado de “seca grave”. Isso significa que há perdas prováveis de
culturas e pastagens, escassez de águas comuns e restrições de uso da água
impostas à população. “Há essa perspectiva de aumentar o número de municípios
no estado de seca grave, porque não vai chover”, alertou Bristot.
De acordo com o secretário estadual do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos,
Paulo Varella, o decreto é uma medida necessária, mas não é uma solução
definitiva. “Haverá decretos de emergência nas secas próximas, por mais que a
gente faça as coisas, isso é um problema da natureza. Isso é uma característica
do semiárido. Sempre vai ter seca, a gente não pode cobrir o estado todo de
chuva, a gente não consegue fazer chover dessa forma”, declarou.
O secretário explicou ainda que o governo trabalha para ampliar a distribuição
da água por meio de adutoras e projetos de abastecimento. “Nós estamos trazendo
água de fora para eixos, mas não tem como colocar adutora em tudo”, afirmou.
Apesar de haver uma possibilidade de regularização das chuvas em 2026, Gilmar
Bristot reforça que não há garantia de que o próximo ano trará o volume
necessário para reverter o quadro atual.
“Não tem uma certeza de que elas vão acontecer, porque os sistemas
meteorológicos que passam a atuar entre dezembro e fevereiro são sistemas
meteorológicos transientes, que atuam nessa época do ano, mas eles transitam
sobre o Nordeste e não têm uma previsibilidade de ocorrência e nem uma previsão
de quanta chuva esses sistemas vão trazer”, explicou.
Ele ressalta que a previsão para dezembro, janeiro e fevereiro permanece
incerta, e que as chuvas até o fim de 2025 devem continuar escassas. “Então, o
que a gente tem é pouca chuva até dezembro e ainda uma incerteza do que nós
poderemos ter de chuva em dezembro, janeiro e fevereiro.”
Seridó e Alto Oeste são as
regiões mais afetadas
As regiões do Seridó e do Alto Oeste concentram os maiores impactos da seca.
“Já temos duas regiões bastante afetadas, que é o Seridó e o Alto Oeste.
Praticamente todos os municípios do Seridó e do Alto Oeste já estão no estado
de seca grave”, afirmou Bristot.
Tribuna do Norte
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