O Governo do Rio Grande do Norte decretou situação de
emergência em 147 municípios potiguares por causa da seca que atinge o Estado e
compromete o abastecimento, a agricultura e a pecuária. O decreto abrange 88%
do território potiguar e foi motivado pela redução de 16% nas chuvas
registradas durante o primeiro semestre de 2025. O cenário é agravado pelos
baixos níveis dos reservatórios: os 69 mananciais monitorados pelo Instituto de
Gestão das Águas do RN (Igarn) acumulam apenas 2,28 bilhões de metros cúbicos,
ante 3,14 bilhões de metros cúbicos no mesmo período do ano passado.
De acordo com o secretário estadual do Meio Ambiente e
dos Recursos Hídricos (Semarh), Paulo Varella, o Governo do Estado busca
consolidar uma gestão de “risco calculado”, baseada em ações preventivas, uso
racional da água e antecipação de medidas de mitigação. “A gestão de recursos
hídricos deve ser feita permanentemente, quando há seca e quando não há. Neste
momento, estamos passando de uma gestão reativa, de crise, a uma gestão de
planejamento, propositiva”, afirma.
A estiagem, que se prolonga desde o início do ano, já
provocou perdas expressivas na produção agrícola e ameaça a subsistência de
milhares de agricultores familiares. “A principal dificuldade da agricultura
familiar diante da seca é a perda da lavoura, que, por sua vez, leva à escassez
de alimento para os animais e a desafios no abastecimento de água para consumo
humano”, relata Erivam do Carmo, presidente da Federação dos Trabalhadores
Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Fetarn). Segundo ele, em algumas
regiões já há frustração total de safras, especialmente de milho e feijão.
Para José Vieira, presidente do Sistema da Federação da
Agricultura e Pecuária do RN (Faern) e do Serviço Nacional de Aprendizagem
Rural (Senar), a situação é grave e exige respostas rápidas e coordenadas. “O
decreto de emergência precisa se traduzir em ações concretas, com prioridade
para o abastecimento de água e a manutenção da atividade produtiva. O risco de
perda de rebanho é real, especialmente nas propriedades de pequeno porte”,
relata.
No campo das obras estruturantes, o Governo aposta em
grandes projetos de adutoras para ampliar a segurança hídrica. O Projeto Seridó
Norte, inserido no Novo PAC, deve entrar em operação no primeiro semestre de
2026, com investimento de R$ 300 milhões, enquanto a Adutora do Agreste tem
previsão de início ainda neste último trimestre de 2025.
Tribuna do Norte
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