sexta-feira, 8 de agosto de 2025

O que resta para Bolsonaro é tumultuar

Por Larissa Rodrigues – Repórter do blog Magno Martins

A política brasileira vive tempos de muitas distorções da realidade, negação de fatos e narrativas criadas com a intenção de manipular a população. Para que um grupo de pessoas acredite apenas no que diz um indivíduo e seu entorno, a estratégia usada é descredibilizar todo o resto. É tão somente uma forma de controlar os apoiadores, deixando-os limitados a acreditarem apenas nas informações passadas por aquele grupo.

A imprensa inteira mente e é vendida, afirmam os usuários desse método. O Poder Judiciário não é honesto e persegue, defendem. Se perdem a eleição, culpam as urnas e tentam fazer crer que elas não são confiáveis. É tudo tática.

Nesses tempos, o trabalho do jornalismo profissional é ainda mais fundamental para combater a realidade paralela instalada em bolhas absolutamente dominadas pelas falsas narrativas, impulsionadas, em sua maioria, pelas redes sociais e grupos de WhatsApp. É preciso reafirmar os fatos exatamente como eles aconteceram, para tentar abrir os olhos da população, expondo o perigo de se deixar ludibriar.

Dito isso, vamos aos fatos como eles são: o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) responde, desde março, a um processo criminal no Supremo Tribunal Federal (STF), junto com outros sete réus, por tentativa de golpe de Estado. A denúncia foi apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e aponta cinco crimes.

São eles: tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; tentativa de golpe de Estado; participação em organização criminosa armada; dano qualificado; deterioração de patrimônio tombado. O processo está na fase de alegações finais, que é a última etapa antes do julgamento, no qual será decidido se o grupo será condenado ou absolvido. O julgamento deve começar em setembro.

Por conta da proximidade do julgamento e com toda a robustez dos processos e da investigação, Bolsonaro, seus filhos e os políticos que dependem da imagem deles estão agitados. Jair Bolsonaro sabe que o resultado para ele nesse julgamento não vai ser bom. Ele sabe o que fez e tem consciência do quão grande é a chance de ser condenado e preso, perdendo os privilégios da vida boa que sempre teve sendo político há quase quatro décadas.

Bolsonaro também sabe que todas as garantias fundamentais e direitos dele estão sendo preservados. Ele tem direito ao contraditório e à ampla defesa, e os julgamentos são públicos. O depoimento do capitão junto ao ministro Alexandre de Moraes (STF) foi transmitido em todo o Brasil e ele ainda convidou o ministro para ser seu vice-presidente.

O que resta é tumultuar – Se Jair Bolsonaro sabe tudo que fez e que as consequências agora batem na porta, por qual motivo tenta instalar uma atmosfera de perseguição, inclusive se fazendo de vítima para outros países? A resposta é simples: a casa caiu e o que resta para ele é tumultuar o Brasil e eleger gente com esse mesmo discurso de vítima. O ex-presidente e seu grupo não são vítimas de nada, tampouco perseguidos. Apenas não contavam com a reação das instituições à tentativa de golpe.

Não há dúvidas – É preciso reafirmar o óbvio: o 8 de janeiro não foi uma manifestação de velhinhas. Foi uma tentativa de golpe de Estado. Planejaram a morte do presidente da República eleito legitimamente em 2022, tentaram botar uma bomba no aeroporto de Brasília, tudo com o objetivo de impedir a posse do presidente Lula (PT). Os atos culminaram na invasão da sede dos Três Poderes e as investigações confirmaram o envolvimento de Bolsonaro.

Mas é preciso manter o discurso – Bolsonaro e seu grupo político criam factoides todos os dias, visando manter a militância aquecida e não perderem o discurso para as próximas eleições. Por isso assistimos aos tumultos no Congresso Nacional nos últimos dias, às manifestações nas ruas e tudo mais que essa família vem fazendo (e ainda fará) para se manter na mídia. Em nada contribuem para a melhoria de vida do povo brasileiro, o que realmente importa. Pelo contrário, atrapalham, visto que milhares de pessoas podem perder seus empregos com a bagunça criada pela família Bolsonaro na economia do Brasil, estimulando os Estados Unidos à taxação.

É só não fazer besteira – Quem tem medo de ir para a prisão e perder privilégios e poder, influência política e votos, não deveria tramar golpe de Estado, quebra-quebra em Brasília, bomba em aeroporto e assassinato de opositor. Se fez, é porque não tinha medo. Agora é hora de enfrentar as consequências, se defender dentro do processo legal, em vez de tentar desestabilizar o País e vender uma falsa imagem para fora de que no Brasil há censura. Se estivéssemos em uma ditadura, o pessoal do capitão não teria feito metade do que vem fazendo.

Perguntar não ofende: Até quando Bolsonaro e família vão espernear contra as consequências de seus próprios atos?

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